sábado, 27 de dezembro de 2008

Aborto - Causa esquecida!


Passaram quase dois anos desde a liberalização do aborto. A sensação que agora tenho é de que o aborto clandestino deixou de existir e que abortar agora, é saudável e não morre ninguém.


Os que defendiam a sua liberalização diziam defender também a vida, mas ao que parece o seu entusiasmo relativamente à vida acabou no momento que a lei de liberalização foi aceite. Não vejo acções de sensibilização para a diminuição deste problema.


Ora vejamos, acham que o aborto clandestino acabou? Não me parece. Mesmo que a nova lei tenha alargado a permissividade, a partir das 10 semanas não é permitido abortar. Logo, uma mulher que se encontre nesta situação e pretenda abortar terá que o fazer clandestinamente. Estas mulheres deixaram de ser importantes? Ou já serão chamadas de irresponsáveis porque o deveriam ter feito antes de chegarem as 10 semanas de gravidez? Gostaria de ver estatísticas relativamente ao número de abortos praticado e o número de mulheres que ainda acabam por parar ao hospital por abortos mal feitos. O aborto clandestino ainda existe!!!


O aborto diminuiu? Manteve-se? Aumentou? Não vejo outra possibilidade para alem da que, efectivamente, aumentou. Porque não havendo nenhuma acção para impedir o aborto, sendo mais acessível e legal, o número de pessoas que recorrem a esta, portanto, fácil e conveniente solução terá que ter aumentado também.


Não percebo como é que até é proibido mostrar a ecografia do feto à mãe. Acredito que do modo como actualmente se processa, muitas mulheres não terão consciência sequer do que estão a fazer quando abortam. De momento, abortar resume-se a tomar um pequeno comprimido.


No fundo o que os que votaram "não" temiam, aconteceu. A permissividade foi aumentada, e a preocupação pela vida humana desapareceu. Tantas medidas que poderiam ser tomadas para diminuir o numero de mulheres que recorrem ao aborto.


- Aumentar o subsídios relativamente ao número de filhos, que de momento são ridículos. Assim, a desculpa económica não poderia ser dada para recorrer ao aborto.


- Acções de planeamento familiar. Sem dúvida que a desinformação é uma das principais causas de gravidezes indesejáveis. Onde anda a educação sexual nas escolas? E nos bairros sociais? É preciso melhorar competências pessoais e sociais de toda a população, para que se tornem conscienciosos acerca das suas escolhas. Não podemos estar simplesmente à espera que as pessoas se informem. Este tipo de informação tem que ser transmitido de uma forma activa e não passiva, como tenho a impressão que está a acontecer.


- Diminuir ao tempo de burocracias necessário para adoptar uma criança. A mãe no fim da gravidez pode dar o seu filho a outro casal que deseja ter um filho e por alguma razão não os podem ter. Não consigo ver nenhuma vantagem no abortar, em matar um ser vivo, a da-lo a outro lar onde é desejado.


Liberalizar o aborto não solucionou o problema. Apenas o mascarou e o tornou esquecido.



5 comentários:

Anónimo disse...

"a partir das 10 semanas não é permitido abortar.Logo, uma mulher que se encontre nesta situação e pretenda abortar terá que o fazer clandestinamente"
Se calhar era melhor aumentar o limite para as 24 semanas
"O aborto diminuiu? Manteve-se? Aumentou? Não vejo outra possibilidade para alem da que, efectivamente, aumentou."
Supor qualquer coisa para poder desenvolver uma opinião dá muito jeito. A pergunta pode e deve ser colocada, mas daí a supor a resposta vai uma grande distância.
"muitas mulheres não terão consciência sequer do que estão a fazer quando abortam"
Só pode ser um homem que está a escrever isto
"A permissividade foi aumentada, e a preocupação pela vida humana desapareceu."
A permissividade foi aumentada? Mas o aborto já era LIVRE. Quem queria fazia, só não tinha as condições a que tinha direito.
"Acções de planeamento familiar. Sem dúvida que a desinformação é uma das principais causas de gravidezes indesejáveis. Onde anda a educação sexual nas escolas? E nos bairros sociais? "
A educação sexual nas escolas não existem porque, geralmente, as pessoas que são contra a liberalização do aborto não permitem que a educação sexual nas escolas aconteça. Um exemplo: a igreja católica e os seus muitos representantes na assembleia da república. Mas só as pessoas que moram nos bairros sociais é que têm gravidezes indesejadas e que abortam? Ora aí está uma bom estudo para se fazer. As pessoas que recorrem ao aborto assistido pertencem a que classe social?
"Diminuir ao tempo de burocracias necessário para adoptar uma criança"
A única coisa de jeito que foi dita neste artigo de opinião! E já agora alargar a adopção aos casais homossexuais.
"em matar um ser vivo"
Como é que te alimentas? Como curas as constipações?

TigreDentesDeSabre

Lepi disse...

"Se calhar era melhor aumentar o limite para as 24 semanas" - deve ser um comentário irónico, não?!!


"Supor qualquer coisa para poder desenvolver uma opinião dá muito jeito." - eu supus e depois justifiquei o porque dessa suposição

"Só pode ser um homem que está a escrever isto" - Sendo um homem, portanto, deixo de poder ter uma opinião sobre o assunto. Posso acrescentar que há bastantes mulheres que apoiam esta afirmação (devem ser travestis)

"A permissividade foi aumentada?" - ao deixar de existir penalização para o aborto, a permissividade aumentou

"Mas só as pessoas que moram nos bairros sociais é que têm gravidezes indesejadas e que abortam?" - eu levantei duas perguntas sobre o tópico, afirmando de seguida "É preciso melhorar competências pessoais e sociais de TODA a população"

"em matar um ser vivo" - obviamente que estava a referir-me a um ser humano, que deveria ter os mesmos direitos de viver como qualquer outro.

"A única coisa de jeito que foi dita neste artigo de opinião!" - isto sim é "supor qualquer coisa para poder desenvolver uma opinião dá muito jeito."

Lepi disse...

Apesar de ter dado a minha opinião sobre o possível aumento do número de abortos, o meu artigo não se centra nesse comentário. Este centra-se no facto de o aborto ainda acontecer seja este legal ou não legal, clandestino ou não. Tal como o título diz este artigo mostra a preocupação pelo facto desta causa estar esquecida e não estar a ter a devida atenção. Mesmo que o aborto clandestino deixe de existir, não acho que se deva parar por aí, não acho que se deva fazer disso uma meta. Quanto muito seria uma etapa. A meta é, e só pode ser a não existência de qualquer aborto.

Camões disse...

Sou literalmente indiferente ás questões politicas do aborto - o aborto é socialmente mal visto e isso não o impede de acontecer - as regras sociais são mais fortes que as leis impostas pelos nossos políticos ou pela vontade da maioria da sociedade.
Quando deparados com a opção cabe aos responsáveis pela educação dessa pessoa apenas decidir.
Do meu ponto de vista, como homem, não me cabe decidir se outra pessoa deve ou não tomar esta opção, mas assumo a responsabilidade se algum dia chegar a esse ponto. Não me cabe portanto opinar pelos actos de outros. O aborto é mal visto pela sociedade porque muitos vêem como a pior forma de corrigir um erro, atirar fora uma dádiva, assassinato...
Eu vejo o aborto como uma opção!
Num planeta com mais de 7 biliões de pessoas, indiferente ao envelhecimento da população portuguesa, onde daqui a 50 anos estima-se mais de 9 biliões e ninguém sabe o que será das flora/fauna não necessária ao homem, mil abortos não me dizem nada. Um aborto pode dizer-me muito se for minha a responsabilidade! Mas um bilião de abortos não me diz nada...

Lepi disse...

Eu não falo em impedir que o aborto seja feito, em proibi-lo. O que tentei expressar foi a vontade de mudar a nossa sociedade (educar e criar condições) de forma a o aborto apenas ser posto como possibilidade, como necessidade, excepcionalmente. Esta educação social não terá apenas consequências no aborto mas também por exemplo na propagação de doenças sexualmente transmissíveis.
Fazer um aborto tem repercussões nocíveis no corpo da mãe que o praticou. Não é uma simples constipação que, apesar de quando feito num estado inicial, também se poder resolver com um comprimido. Portanto, se conseguirmos mudar, parece-me benefico.