sábado, 17 de janeiro de 2009

Há coisas fantásticas, não há...?!

Esta situação, que vos vou relatar, fez-me lembrar muitos momentos semelhantes que passei durante a minha vida universitária.

Um amigo meu está a estudar numa Universidade pública portuguesa (não vou necessitar de ser muito específico porque acho que toda a gente de algum modo se vai reconhecer nesta situação). Ele até é um aluno razoável, com qualidades até reconhecidas pelos colegas e alguns dos professores com quem teve contacto.

Na semana passada teve um exame, para o qual até tinha despendido bastante tempo a estudar. Durante o exame, viu-se um pouco perdido no meio das questões que lhe foram postas e às quais verificou que não era capaz de responder. Decidiu não entregar o exame, consciente do pouco que tinha conseguido fazer. Após uma situação destas, uma pessoa começa a reflectir sobre o que correu mal durante o semestre, durante o ano, durante o curso e acaba a reflectir sobre a própria vida. Muitas depressões começam assim.

Quando os resultados saíram, num universo de quase 400 pessoas, duas tiveram notas entre 10 e 12, outras duas entre 8 e 10, com um final infeliz para as restantes. Citando o próprio aluno: "Há coisas fantásticas, não há...?!".

Reflectindo sobre a situação, encontrei várias possíveis explicações para o sucedido. As principais são:
1- Os alunos são burros (a média de entrada superior a 15 não quer dizer nada);
2- Os professores Universitários são umas bestas, sem qualquer consciência do que realmente lhes é pedido - ensinar;

Penso que escolher qualquer uma das duas possibilidades, será generalizar demais. De facto há alunos burros (mas longe de serem 99%) e há bons professores universitários. Eu inclino-me mais para a possibilidade 2.

E assim vai o ensino em Portugal.

3 comentários:

João disse...

A questão do ensino universitário é complexa.

Por um lado, acho que o ensino secundário não prepara os alunos, a nível de exigência, para o que eles vão encontrar nos cursos. Há que prepara-los para procurarem as referências por eles proprios, terem sentido crítico sobre o que lêem, prepara-los para pensar um pouco mais para além daquilo que vem no livro da escola ou que o professor disse nas aulas.

Mas há que considerar também a falta de qualidades pedagógicas que grande parte dos professores universitários exibem (e que muitos deles orgulham-se de não possuir). Não basta serem cromos nas áreas em que trabalham. Eles são professores também, e como tal, deviam saber como apresentar a matéria, motivar os alunos, serem dinâmicos na maneira como desenvolvem as aulas. Isto passa pelas direcções das universidades, que deveriam ser exigentes não só com os alunos mas também com os professores. E deviam incentivar a qualidade, acho que acções de formação pedagógica não fazem mal a ninguém que precise de saber planificar aulas, apresentar assuntos de uma forma pedagógica e avaliar pessoas.

Dar uma aula não é fácil, mas não devia ser uma frustração (para professores e alunos).

Sónia Martins disse...

Caros amigos, o ensino universitário em Portugal não é perfeito mas cada vez que conheço melhor o ensino universitário inglês cada vez mais me orgulho de ter passado por todas as vicissitudes do sistema português que acima de tudo me preparam para a maior das virtudes do português: "a arte do desenrasque!"
Senão vejamos: um curso em Inglaterra tem a duração de 3 anos, a nota miníma para passar é 40% (sim em 100%), o primeiro ano é um ano de adaptação logo as notas não contam para a média (!!) e se acabares o curso com média de 75-80% ja fazes parte da classe "A" e és muitaaa inteligente!! Estes putos, crianças até, não sobreviveriam a 1 semestre de qualquer curso universitário em Portugal, nem mesmo numa privada! Nao sei se ja referi que eles teem tutores que os acompanham durante todo o curso e zelam pela sua saúde mental e motivação...
Concluindo, há muito a melhorar, mas também há que reconhecer que o nosso ensino nos leva ao limite dos nossos limites, mas claro que é discutível se de facto nos é ensinado alguma coisa ou não, mas pelo menos não somos levados ao colo, crescemos e muito!

Anónimo disse...

Concordo com a Sonia. Acho que Portugal nao se sai nada mal no ensino universitario. Em comparacao com a inglaterra ou os estados unidos, o nosso ensino puxa-nos mais pra frente. Portugal pra frente!