segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Tabaco sem civismo

Por falta de civismo por parte da grande maioria dos fumadores, uma lei teve que entrar em vigor, proibindo estes de fumar em recintos fechados, a não ser que tais locais respeitem uns certos requisitos.

Já há bastante tempo que se chegou à conclusão que o tabaco prejudica claramente a saúde, estando relacionado com vários tipos de asma e cancro (review)

Tendo esta iluminação acontecido, não consigo compreender como houve tanta relutância para com esta nova lei. No trabalho, nos restaurantes, em casa (esta infelizmente ainda vai continuar), a vida do não fumador era posta constantemente em causa.

Não consigo compreender como é que, estando a vida de outros em jogo, certas pessoas ainda digam que faz parte da sua liberdade pegar num cigarro e fumar seja onde for.

A aprovação da nova lei do tabaco foi sem dúvida um grande passo para a protecção da saúde pública em Portugal, em particular, do fumador passivo (apesar de ainda não estar a ser totalmente respeitada). Mas, na minha opinião ainda é insuficiente. Por exemplo:

- é permitido fumar nas paragens de autocarro. Se eventualmente estiver a chover, estando abrigado na paragem e comigo estiver alguém a fumar, terei que escolher entre ficar abrigado e correr o risco de apanhar cancro ou então sair do abrigo e apanhar uma pneumonia. Sem dúvida que são escolhas justas quando do outro lado, bastava que um certo individuo não acendesse um cigarro. Claro que podia reclamar também com os autocarros por estes demorarem tanto.

- não é permitido fumar em recintos comerciais fechados, mas à porta já não há problema. Portando, quando estamos a sair de um edifício destes, temos que passar por uma cortina de fumo desagradável com eventuais riscos. Podemos sempre não respirar e passar a correr.

Esta falta de civismo passa pela degradação do espaço publico. Somos constantemente confrontados com inúmeras beatas no chão, nas ruas, nos passeios, nos jardins, etc. Parece que o tabaco também provoca incapacidades físicas, como a incapacidade de colocar o resto do cigarro no lixo. Porque posso dizer com 100% de certeza que são os fumadores que o fazem.

Eu não sou contra as pessoas fumarem. Eu sou contra o fazerem outras pessoas fumarem sem estas o quererem. E têm todo o direito de não o querer.

13 comentários:

Limon Head disse...

O tabaco cria emprego, receitas públicas e só fuma quem quer!!!!!

ZeoX disse...

Grande Rodrigo,

Aqui na Dinamarca há uma lei semelhante à nossa e agora até querem passar uma lei que proíbe o acto de fumar na via pública, i.e. em frente a qualquer estabelecimento público, paragens de autocarro, etc.

Eu abomino o acto de fumar, incomoda-me veementemente, mas há que tomar um pouco de cuidado com a ténue linha que separa o cuidado pela saúde pública da perseguição, não achas?

Abraço

Hugo M.

Camões disse...

Estou a ver que sugeres que o fumador se coloque a fumar fora da paragem, à chuva. Não só apanha cancro mas também apanha uma pneumonia!
Acho que foi uma grande vitoria proibir o acto de fumar nos estabelecimentos públicos.
Acho um exagero proibir de fumar em frente aos estabelecimentos (se as pessoas estão a consumir dentro do estabelecimento devemos obriga-los agora a afastarem-se 100m para fumarem? Aguentar a respiração por 5s enquanto se passa a porta/secção de fumadores não custa tanto assim), se te incomoda o fumo na paragem, podes pedir ao fumador para trocar de lado para não levares com o fumo, e em casa... na privacidade das pessoas? Se estás em tua casa, fazes as tuas regras, se não, se não estás bem, sabes sempre onde está a porta. Em minha casa todos sabem onde estão as portas... querem fumar, vão lá fora! Funciona bem para eles quando vêem a minha casa, funciona bem para mim se me sinto demasiado incomodado.
Não vale a pena voltar a implementar a crucificação e chamar a inquisição para castigar mais os fumadores. O tempo da perseguição já acabou.
Eu sou contra fazerem as outras pessoas fumarem mas não sou contra as pessoas fumarem (tirando a minha mãe mas não vai ser uma lei que vai proibir a minha mãe...).

Como diz o limão, o tabaco produz trabalhos, receitas para empresas e impostos para o estado e produz ainda o bem estar a muitos fumadores, independentemente das consequências futuras.
Conheço pessoas que consomem um maço por dia, um cigarro por dia, que fumam apenas quando saem. É (ainda) um acto social aparte do vicio.

Lepi disse...

Esta situação apenas chegou, como disse em cima, devido a falta de civismo.
Infelizmente, ao contrário do que o limão disse, ainda há quem tenha que fumar sem querer.
Quanto aos lucros económicos que se possa tirar disso, não são assim tão lineares. Um fumador é um potencial doente com as várias doenças que falo acima. Isto implica assistência médica, que para além de nos sair dos bolsos tem consequências, por exemplo, em filas de espera nos hospitais. Devido ao enorme espectro de malifícios consequentes do tabaco, eles cobrem quase todas as áreas, desde pneumonologia a cardiologia.
Quando falo de achar mau fumar-se em casa, apenas tento mostrar o meu desagrado pelo facto, de por exemplo, muitas crianças estarem expostos a ambientes de tabaco pelos seus pais fumadores. Mas aqui apenas mostro a minha reprovação, não me meto. Em minha casa, claro faço eu as regras.
Quanto à linha ténue que podemos estar a ultrapassar, na dùvida prefiro passar para o lado que protege os não fumadores. Esses sim, não têm culpa nenhuma.

Pikuz disse...

Como fumador (ainda não me considero ex-fumador porque ainda estou a tentar langar o vício) concordo plenamente com a lei... mas estou muito longe de concordar com aquilo a que chamas insuficiência da mesma.

Se não podes fumar ao ar-livre (saída dos shoppings, à porta do café, à porta do restaurante, etc) mais vale proibires o consumo de tabaco, ponto final. E nesse caso estarias a ter uma atitude pouco democrática... em espaços fechados parece-me bem (não deviam haver excepções)... em espaços abertos... não me parece que haja ligitimidade para proibir o fumo. :)

Mas força lá diminuir o tabagismo... ;)

David.

Limon Head disse...

Ya!!! Eu também estou a tentar reduzir!

Lepi obrigado por defenderes a minha posição, um fumador dá trabalho a: ao agricultor, toda a gente que trabalha na construção do cigarro ( talvez incluindo eu porque acabo de mandar um currículo para lá), o distribuidor, o comerciante que o vende, e grande parte do sistema de saúde nacional. Acabar com o tabaco era perder para aí 23% do PIB. Milhares de pessoas acabariam desempregadas.
E não são eles que provocam as filas de esperas.... nunca ouvi dizer que andam a colocar cigarros nos olhos das pessoas e mesmo as filas para oftalmologia estão enormes...

E já agora alguém tem aí um isqueiro, acho que perdi o meu

BM disse...

Que mais coisas que provocam um possível encargo acrescido nas finanças públicas através do SNS é que devíamos proibir?
Por exemplo, agora há uns deputados do PS que perece que querem regulamentar e diminuir o sal no pão, porque "o sal faz mal à saúde". É razoável?
E pessoas gordas, devem ser banidas para não termos de pagar os problemas com diabetes e hipertensão que vão ter mais tarde ou mais cedo?
E andar na rua à chuva, com todos os riscos de apanhar uma gripe ou uma constipação que isso acarreta?

Bruno

Anónimo disse...

Concordo plenamente, a falta de civismo de alguns fumadores é gritante. Infelizmente não é só no tabaco.
O dar emprego e criar riqueza é um conceito bem errado, pois, para os cuidados de saúde que muitos fumadores irão necessitar lá vão essas receitas e as contribuições dos não fumadores..... Aumento de emprego só dos cangalheiros
Zé Augusto de Matosinhos

Lepi disse...

Tenho colegas, com quem convivo diariamente, que fumam e com os quais nunca tive problemas de exposição ao fumo deles e, nem eles deixaram de fumar. Existe respeito por parte deles.
Portanto, eu não sou apologista de proibir as pessoas de fumar, nem acabar com o tabaco, nem acho que se deva olhar para defesa da vida do não fumador como meio de diminuição de encargos acrescidos nas finanças públicas através do SNS ou como outra qualquer implicação financeira.
Defendo sim, uma educação social e cívica da população. Com essa educação não estaríamos nesta situação. Porque hei-de deixar de respirar (nem que seja 5 segundos) se não sou eu que estou a invadir a liberdade de outros?

Camões disse...

Não conseguia resistir mas infelizmente parece que não posso colocar imagens nos comentários mas mesmo assim coloco aqui o link... "Smoker" http://www.youtube.com/watch?v=yp_l5ntikaU
Só tem que imaginar "smoker" em vez de "witch"

She's a smoker!
Smoker! Smoker!
Burn her!

Lepi disse...

Ao contrário das bruxas, os fumadores pouco cívicos existem. Ao contrário do que queriam fazer (e estavam a fazê-lo) com as bruxas, não quero eliminar os fumadores, apenas quero que os seus "bruxedos" não afectem os outros.

BM disse...

"Defendo sim, uma educação social e cívica da população. Com essa educação não estaríamos nesta situação."

E como se processará esse processo educacional?

Lepi disse...

Como em tudo, será necessário trabalho, dinâmica e imaginação. Uma sugestão que faço, seria usar o facto de o ensino ser obrigatório até ao 9ºano. Será sempre um bom motor de inserção de informação na sociedade.